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O Legado de Júpiter

A série O Legado de Júpiter, estreia no Neflix, vem dos quadrinhos de Mark Millar. O escocês genial já teve quadrinhos adaptados com sucesso para o cinema, como Kick-Ass e Kingsman. A passagem dele pela Marvel também rendeu Os Supremos (que inspirou a adaptação de Vingadores), Guerra Civil, e Wolverine: O Velho Logan. E na DC, tem Red Son, em que imagina o que teria acontecido se o Super-homem tivesse pousado na União Soviética.

Em O Legado de Júpiter, Millar faz uma espécie de homenagem e ao mesmo tempo crítica dos super-heróis. A história começa em 1932, em plena Depressão. Um grupo de amigos ganha superpoderes ao visitar uma ilha misteriosa, e passa a ajudar a humanidade em tempos difíceis. Formam um grupo chamado União (espécie de Liga da Justiça), liderado por Sheldon Sampson, o Utópico, moldado diretamente no Super-homem. Millar não esconde os paralelos. Noventa anos depois, em tempo de nova crise, as rivalidades internas – entre os membros do grupo original, mas também de gerações – fazem o grupo explodir. Utópico é traído pelo próprio filho, incentivado pelo irmão, Walter. A dupla toma o poder nos Estados Unidos, com a promessa de “consertar” tudo o que há de errado com a sociedade e a economia americanas. Os heróis que se opõem – como a outra filha de Utópico – são caçados, e o novo regime não demora a virar uma ditadura. 

Se você pensou em Watchmen ou Authority, acertou. Júpiter se encaixa nas releituras adultas dos quadrinhos de super-heróis. E Millar sombreia ainda mais a divisão entre Bem e Mal quando os herós da resistência buscam ajuda de super-vilões para enfrentar os golpistas. 

Millar discute o idealismo ingênuo, que nem sempre deixa enxergar as consequências, e também o perigo de se usar o poder sem freios ou contrapesos, mesmo por quem alega ter boas intenções. Mas também exalta o romantismo dos heróis.

O parceiro de Millar na série foi o desenhista Frank Quitely, de All-Star Superman, também escocês, com quem ele já havia trabalhado em Authority. Quitely tem talvez os traços mais finos e limpos dos quadrinhos, e composições e layouts perfeitos. Os diálogos esparsos contribuem, porque não cobrem ou sujam as ilustrações. 

E como é característico de Millar, a série às vezes surpreende por momentos de extrema brutalidade. Isso foi traduzido bem nas adaptações de Kick-Ass e Kingsman, resta saber como vai ser na versão do Netflix. 

Millar: rindo à toa

Entre o Volume 1 e o 2, Millar publicou O Círculo de Júpiter, com outros desenhistas. Esse é o “miolo” da história, com flashbacks que mostram como surgiram e se desenrolaram os conflitos entre os heróis. Recomendo fortemente a leitura na ordem de publicação: Legado vol. 1 / Círculo vol. 1 / Círculo vol.2 / Legado vol.2. Assim fica melhor para o leitor entender a resolução desses conflitos. A julgar pelo trailer, a série do Netflix vai misturar as épocas, intercalando os flashbacks. E ainda este ano Millar lança uma continuação, Requiem.

A adaptação pelo Netflix faz parte de um negócio maior: o canal de streaming comprou a empresa do autor, a Millarworld. Ou seja, vem muito mais por aí. Super Crooks já foi anunciado, torço pra que venham Imperatriz e Renascida.

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