Nós aqui no Cheiro de Livro vemos os filmes e séries e lemos os livros, não necessariamente nessa ordem. Não conhecia o trabalho de John Marrs até começar a ver a série The One e foi essa adaptação que me fez buscar a obra original. Adaptações sempre geram reclamações dos fãs, são experiência diferentes e devem ser analisadas como tal, um livro nunca será totalmente transposto para às telas e, mesmo que isso aconteça, não é garantia de que será uma boa série ou filme. Dito tudo isso, The One a série e The One (tradução de Isadora Sinay) o livro não tem qualquer semelhança entre si e o livro é bem mais interessante do que qualquer arco que a série apresenta, ou seja, se você viu a série o livro continuará sendo uma surpresa.
O livro nos faz acompanhar cinco personagens que como suas vidas são afetadas pela empresa que promete encontrar a pessoa com quem vocês está destinado a se apaixonar, a ciência está no seu DNA e é um negocio multimilionário que há uma década estaria transformando as relações e o mundo. As cinco histórias vão criando um quadro desse mundo onde as relações são definidas pelo DNA e dividida entre quem encontrou seu par e quem ainda espera ou não quer se submeter ao novo sistema. Por mais que Marrs tenha que criar todo um panorama desse mundo onde o DNA define a vida amorosa das pessoas cinco personagens é um pouco demais, três deles era o suficiente.
É claro que uma das histórias contadas é de Ellie, a cientista dona da empresa, e ela é mesmo fundamental para o livro fazer sentido, mas como na série o arco desanda um pouco no meio do caminho e passa a fazer pouco sentido o que acontece – não vou contar spoiler. Talvez se passássemos mais capítulos com ela e os problemas que ela e sua empresa passaram para se estabelecer o todo faria mais sentido, mas mesmo assim a história começa bem e vai envolvendo mesmo que dê uma desandada no terço final.
O contraponto aos problemas de Ellie é Nick . A história toda mostra como o mundo mudou com a chegada da empresa e tudo que conhecemos, inclusive de nós mesmos é colocado em xeque. Não é um personagem com uma história envolvente como as outras, mas é a mais interessante, a que mostra que a ideia original, se melhor trabalhada, daria um livro bem interessante. Ele é o único personagem que poderia ter um livro todo só pra si, seria um romance bem interessante que conversaria, de alguma forma, com o ótimo “Não me abandone jamais“. Mandy e Jade estão no livro só pra encher páginas, não acrescentam em nada, Jade é o momento sessão da tarde e Mandy é um arco totalmente desnecessário.
O melhor personagem e romance é, de longe, Christopher. Um psicopata que descobre que é capaz de sentir depois de encontrar a pessoa a que é destinado. Toda a jornada dele é bem definida e, não vou contar spoiler, mas termina exatamente como deveria. Talvez ser fã de “Criminal Minds” curtir bastante Mindhunter tenha alguma coisa a ver com essa minha preferência.
The One é um livro irregular, tem bons momentos, começa bem melhor do que termina e mesmo assim vale a leitura. Fiquei com a impressão que se a ideia fosse melhor trabalhada daria um livro melhor e que a adaptação perdeu algumas oportunidades de fazer uma série muito melhor do que a que foi apresentada.
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