Terceiro livro da Trilogia do Século de Ken Follett.
Ken Follett fecha a sua trilogia do século muito bem com “ A Eternidade por um Fio”. É um retrato do final do século XX, da guerra fria, da luta pelos direitos civis nos EUA e do colapso da URSS. Um bom livro e, acima de tudo, um bom final para a trilogia.
Estamos na terceira geração das famílias que começamos a seguir em “Queda de Gigantes” e, lamento informar, nenhum dos personagens é tão envolvente como Maud ou Daisy dos livros anteriores e isso não chega a ser um problema. Em A Eternidade por Um Fio o importante é são os acontecimentos, é a subida do muro de Berlim, a crise dos misseis em Cuba, os assassinatos dos Kennedys, esses são os protagonistas, mas do que nunca esse é um livro em que os personagens estão ali só para te colocar no meio de fatos históricos importantes, nos livros anteriores os personagens, alguns deles pelo menos, eram protagonistas de suas historias e o leitor torcia para eles, se envolvia em suas historias, aqui eles são um pouco Forrest Gump, espectadores dos fatos.
Follett cria personagens e suas famílias e os coloca como testemunhas ou participes de eventos que mudaram e moldaram o mundo, eu aprendi mais sobre historia lendo seus livros do que em muita aula de historia. Esse terceiro livro é o fechamento de um projeto que começou umas 2000 paginas antes, o leitor, na teoria, já se envolveu com essas famílias, já tem os seus personagens preferidos, já torce e se envolve com a sua historia, nesse terceiro livro os romances, são muitos, dos personagens ou seu crescimento são ofuscados pelo o que acontece a sua volta. Jasper que começa como um inescrupuloso jornalista se transforma na guerra do Vietnã e isso não é explorado, sua transformação poderia ser tão boa quanto a de Daisy em “Inverno do Mundo“.
O grande mérito desses personagens é nos conduzir por 30 anos recheados de acontecimentos. Talvez por esses acontecimentos estarem mais próximos de mim, faço parte de uma geração que assistiu na TV a queda do muro de Berlim, me envolvi mais e sabia a sequencia dos acontecimentos. O discurso de Martin Luther King, o assassinato de John Kennedy, a primavera de Praga, todos fatos históricos que sei precisar no tempo e sei que consequências posteriores tiveram, e sei de uma forma mais clara do que o que é relatado nos livros anteriores. É o efeito da proximidade com o relatado.
Nada disso faz o livro menos envolvente, pelo contrário. Eu sabia o que estava para acontecer e mesmo assim devorei as mais de mil páginas. Me emocionei como os personagens como discurso “I Have a Dream” de Martin Luther King, fiquei em choque com o assassinato de Robert Kennedy, torci para que as tentativas de reforma nos países da cortina de ferro dessem certo, para que as descobertas de Watergate tirassem Nixon logo do poder. É isso que faz de Eternidade Por Um Fio um bom livro, a capacidade de te fazer torcer, se emocionar e se revoltar com situações das quais você já sabe o final. Somos conduzidos a isso por uma grande quantidade de personagens pouco explorados.
Vou sentir falta dessas famílias e acho que a trilogia merecia mais um livro, afinal o século XXI começou só em 11 de setembro de 2001, Follett teria uma década ainda para cobrir todo o século XX, mas isso é papo de fã e que depois de mais de 3 mil páginas está meio órfã dos Peshkov, dos Dewar, dos Franck e, principalmente, dos Williams . Foram anos entre espera e leitura e agora chegou ao fim, me resta esperar pelo novo romance de Follett sobre o serviço secreto inglês sendo formado no reinado da Rainha ElizabethI.
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