Uma coisa que gostamos muito, aqui no Cheiro de Livro, são listas. E nada é mais legal do que listas dos melhores do ano quando chega essa época. Pra todo lado aparece os melhores filmes, as melhores séries, as melhores músicas e, claro, os melhores livros do ano. Daí achei que seria bem legal descobrir com a galera aqui do site qual foi o melhor livro que eles leram esse ano. Não necessariamente deveria ser um livro lançado esse ano, mas o melhor livro que foi lido esse ano. Aquele livro incrível, que você lê a última frase fecha o livro e pensa: “Todo mundo precisa ler esse livro!”
Então, aqui está nossa lista, montada com muito carinho, dos Melhores Livros que Lemos em 2018:
Carolina Pinho:
Quando me pediram o melhor livro que li no ano, fui nos meus alfarrábios buscar a lista dos que li em 2018. Fui incapaz de escolher apenas um e por isso montei uma listinha com os cinco melhores. Aviso que tem uma espécie de estelionato na minha lista. Os livros não estão em ordem de preferência, apenas na ordem em que foram lidos.
Abrindo está O Sol na Cabeça de Geovani Martins: uma coletânea de contos sobre o Rio de Janeiro, a juventude das comunidades, suas dificuldades e os preconceitos sociais. Desses livros que todo mundo deveria ler, vai virar filme em breve.
Do Rio de Janeiro contemporâneo vamos para a Europa na Segunda Guerra Mundial com Ladrões de Livros de Anders Rydell. É um livro reportagem sobre como os nazistas destruíram e se apossaram de bibliotecas durante a guerra. Fala do trabalho de alguns bravos bibliotecários que tentam devolver esses livros aos sobreviventes e seus familiares.
Voltando ao Rio de Janeiro tem o ótimo O Crime do Cais do Valongo de Eliana Alves Cruz, um policial que mostra o comércio de escravos, um Rio de Janeiro quase esquecido e pouco retratado. Fala de um tempo que não deveria ser esquecido em meio a uma trama de assassinato.
Saindo do Brasil e indo para a Itália tem o ótimo Laços de Domenico Starnone e seu casal disfuncional. É uma história de amor e ódio familiar, desses dramas impossíveis de colocar de lado.
No mesmo estilo, aqui está o meu estelionato: o Quarteto de Nápoles de Elena Ferrante. A história de Lenu e Lia, distribuído em quatro livros. Dessas leituras imperdíveis, fala de família, amizade. Um romance de formação, dos melhores que já li, a escrita é envolvente e quando se acaba um livro pega-se imediatamente o seguinte. Ferrante merece todos os elogios que recebeu no mundo e agora ainda tem a série da HBO para assistir.
Eric Hart:
Dureza essa escolha, ainda mais que quase todos os meus melhores eu já fiz resenha aqui, ou estou por fazer. Então naquele espírito de Top 5, aí vão:
The Rift, de Nina Allan.
Before Mars, de Emma Newman.
James Tiptree, Jr: The Double Life of Alice B. Sheldon, de Julie Phillips.
The Stone Sky, de N. K. Jemisin.
… e o melhor é:
O Conto da Aia, de Margaret Atwood.
Reparem que todos são escritos por mulheres. Talvez mesmo aumentando a lista pra 10, ainda seria assim. E justamente num momento em que as mulheres têm cada vez mais voz, é que é preciso cuidar para não haver retrocesso. Não são poucas as forças que tentam controlar o que a mulher pode fazer ou não, que procuram subjugar corpo e mente e se impor pela força. Margaret Atwood publicou seu livro em 1985, mas ele continua assustadoramente atual. É só ler certos blogs que você encontra um monte de Comandantes Fred e Serena Joys em potencial. O Conto da Aia é uma leitura incômoda, mas obrigatória. Essa é a função da literatura distópica: imaginar o pior futuro possível para evitar que se torne realidade.
Frini Georgakopoulos:
Foram muitos livros lidos em 2018, mas o mais impactante foi VOX, de Chistina Dalcher. Uma distopia, infelizmente atual, na qual um governo teocrático decide calar as mulheres de várias formas diferentes. Me inflamei com esse livro não somente por tudo que rolou no mundo e aqui no Brasil, mas porque o limite já chegou, sabe? Chega de homens se sentirem no direito de decidir o nosso destino. Chega de aceitar o patriarcado. Está mais do que na hora das coisas mudarem e VOX me ajudou a valorizar a minha voz.
Mariana Fonseca:
Li vários livros bons em 2018, então ficou difícil decidir. Mas acho que o que mais me impactou foi Without You, There Is No Us da autora americana de ascendência coreana Suki Kim. O livro é uma não-ficção relatando a experiência da autora como professora de inglês em uma escola para jovens da elite da Coréia do Norte durante os últimos meses do governo do ditador Kim Jong-il. Além de mostrar um pouco da vida nesse país tão fechado, o livro também aborda o turbilhão de sentimentos que perpassa a relação (ou falta de uma) entre coreanos do sul e do norte. Recomendo muito.
Raphaela Ximenes:
Li vários livros que valem estar na lista de melhores do ano, mas quando parei pra escolher qual foi O melhor, definitivamente minha escolha é: Belas Adormecidas do Stephen King e Owen King. Na verdade, fiquei dividida entre ele e The Outsider, mas a fábula sobre as mulheres que caem em sono profundo deixando o mundo no caos, ganhou. O livro é completamente pró-feminismo, atual e ao mesmo tempo lembra a velha forma do King de contar uma história. Ele imagina como seria o mundo sem as mulheres e o que ele mostra não é muito bonito. Se tiver que escolher um livro do King desse ano para ler, esse, sem dúvida é a minha sugestão.
Vivi Maurey:
Eu li um pouco mais de trinta livros este ano, alguns a trabalho, outros para estudo, vários dos quais foram releitura. Mas, se eu tenho que escolher um favorito (ainda que com muita dificuldade de escolher apenas um), não posso deixar de destacar Sapiens: uma breve história da humanidade, de Yuval Noah Harari. Ao repassar a história da nossa espécie, traçar as jornadas, desde os primórdios aos tempos atuais, sem deixar de fora praticamente nenhum aspecto, seja no campo da evolução e biologia, da antropologia, economia e até da política. Yuval impressiona e não deixa a desejar. Tudo numa linguagem e narrativas deliciosas, atraentes, que me fez sentir como se estivesse escutando suas histórias e o desenrolar de suas reflexões ao redor de uma fogueira. E o mais interessante foi a habilidade do autor em quebrar muitos de nossos julgamentos precipitados, desenvolvendo mais de uma teoria para certos acontecimentos na nossa história. Além de mostrar uma facilidade invejável em construir uma narrativa sem desprezar diferentes perspectivas. Vale cada página.